quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Textos e números na Educação Infantil


Textos e números na Educação Infantil

Pesquisas apontam que as crianças, a partir dos 3 anos, são capazes de pensar em números e textos. É possível propor atividades com esses temas sem deixar as brincadeiras de lado

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Pesquisas apontam que as crianças, a partir
dos 3 anos, são capazes de pensar em números
e textos. Marco Pinto. Cenário Silvia Moraes - Atelier Zigzag
Números e textos estão por toda parte - na TV, nos livros, nas placas, na tela do computador e na calculadora - e, desde cedo, as crianças têm a oportunidade de formular ideias a respeito dessas informações. Pesquisas mostram que elas relacionam a escrita e os números com a língua falada e, assim, identificam regularidades que usam como apoio para seguir avançando. Por isso - e por não aprenderem de forma linear -, podem, por exemplo, escrever números antes de saber contar ou uma legenda sem conhecer as letras.

Cabe à Educação Infantil explorar esses conhecimentos e os questionamentos dos pequenos por meio de situações didáticas em que esse saber possa ser aprofundado. Na prática, isso significa planejar momentos de uso dos números e dos textos sempre que eles fizerem parte da rotina. No caso da escrita, as atividades com listas e textos memorizados podem ser ampliadas com propostas de reflexão sobre o sistema articuladas à produção de textos de diversos gêneros, como resenhas de livros. No campo dos números, o recomendado é usá-los e problematizá-los nas situações em que aparecem: por exemplo, o controle e a comparação de quantidades, dos materiais de sala.

Hoje, práticas desse tipo têm sido deixadas de lado por receio de escolarizar a creche e a pré-escola. Mas isso não faz sentido. Documentos como as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil dão ênfase às brincadeiras e à interação com colegas e adultos, mas também mencionam o trabalho com a escrita e o sistema de numeração. "Faltam, porém, orientações mais precisas sobre que conteúdos trabalhar e de que forma, o que leva à manutenção de práticas ultrapassadas, como a cópia de letras", diz Eliana Borges Correia de Albuquerque, pesquisadora do Centro de Alfabetização, Leitura e Escrita (Ceale), da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e do Departamento de Psicologia e Orientação Educacionais da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Para ela, isso explica o fato de muitas crianças chegarem ao 1º ano sem terem tido oportunidade de interagir com a língua escrita e, às vezes, sem saber escrever o próprio nome.

O êxito desse tipo de proposta depende de intervenções constantes e conscientes. "É preciso estimular os pequenos a explicar o que fizeram, aceitar o que dizem sem dar a resposta correta logo de cara e propor contraexemplos", explica Susana Wolman, professora da Universidade de Buenos Aires, na Argentina, e autora da pesquisa Conhecimentos Infantis Acerca do Sistema de Numeração. A troca de ideias entre todos é outro ponto importante do processo. "Confrontar opiniões diferentes, num ambiente em que todos se sentem respeitados, é fundamental", diz Claudia Molinari, docente da Universidade de La Plata, também na Argentina, e autora de estudos comoSituações de Escrita para Saber Mais sobre um Tema em Momentos da Alfabetização Inicial.

As duas educadoras têm se dedicado à investigação de propostas que respeitam o modo de pensar dos pequenos. Os resultados da pesquisa de Susana sobre o sistema de numeração e de Claudia sobre a linguagem escrita você conhece a seguir. As atividades que serviram de base para os estudos podem fazer parte da sua rotina. Experimente e veja do que sua turma é capaz
.TEXTO RETIRADO DA REVISTA ESCOLA NOVA EDIÇÃO DE DEZEMBRO DE 2012N 258

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